Sabe
quando você está procurando os episódios da semana das séries que
assiste e o nome de uma série nova chama a atenção? Aí você lê
a sinopse e pensa “vou ver no que dá”? Essa é a minha
história com Vikings, descobri a série totalmente por acaso
em 2013 e como na época estava começando a despertar em mim uma
curiosidade sobre o povo viking resolvi arriscar. Foi o típico tiro
no escuro que deu certo.
A
produção se baseia na vida e conquistas de Ragnar Lothbrok (Travis
Fimmel), um fazendeiro que se tornou um dos mais conhecidos heróis
nórdicos por fazer incursões pela Europa. Saqueando, explorando e
negociando. Junto a ele em seus feitos está seu irmão Rollo (Clive
Standen), com quem tem uma relação bastante complicada. Bem como
seu amigo Floki (Gustaf Skarsgård),
o visionário construtor de barcos que também nunca perde uma
batalha. E não esqueçamos de Lagertha (Katheryn Winnick), sua
valente primeira esposa e escudeira que está sempre pronta pro que
der e vier.
Existem
ainda muitos personagens relevantes como Bjorn (Nathan O'Toole,
Alexander Ludwig), filho de Ragnar e Lagertha que vemos crescer
durante a série. Todos eles tão épicos e cativantes quanto a
própria trama. Isso é uma das coisas que mais gosto na série, além
das expedições e batalhas é mostrado o que estava por traz dos
feitos desses grandes guerreiros. O povo viking que por muitas vezes
é chamado de “bárbaro” e tido como um dos vilões da história
mundial é representado aqui por uma visão mais humana. Pessoas como
cada um de nós, sujeitas a erros e acertos e fazendo o necessário
para sobreviver. E quando vemos em paralelo os feitos dos outros
reinos com quem guerrearam fica mais notável que o rótulo “vilão”
não pode ser dado a uma civilização inteira.
É válido
dizer que Vikings se trata de uma obra de ficção inspirada
em relatos históricos, que por sua vez não são lá muito precisos
devido a época em que foram feitos. O próprio showrunner Michael
Hirst comentou que precisou tomar algumas liberdades porque “ninguém
sabe ao certo o que aconteceu na Idade das Trevas”. De todo
modo é uma produção impecável e empolgante, e que transmite as
realidades do povo nórdico de forma bastante satisfatória. Essa
realidade está presente tanto nas cenas de batalha quanto no
cotidiano, e é muito fácil se transportar para lá.
Por ser
uma série que foca muito em seus personagens é extremamente fácil
se apegar a eles, e brigar com eles também. Reforçando, são
tratados por uma perspectiva bastante humana e humanos estão
sujeitos a muitos erros. Ragnar mesmo tem vezes que dá vontade de
esganar pela forma como sempre magoa aqueles ao seu redor. Rollo,
Floki, Siggy (Jessalyn Gilsig) e outros são do tipo que como diria
Raul Seixas “se hoje lhe odeio amanhã lhe tenho amor”, e
vice-versa. Já Lagertha e Bjorn são aqueles por quem você mais se
dói e torce sempre. Mas acima de tudo, ter essa perspectiva nos faz
refletir se caso fossemos submetido as mesmas circunstâncias não
faríamos o mesmo. E a resposta é sim, pois você precisa lutar pela
sobrevivência do seu povo.
Me parece
válido mencionar que Vikings conta com passagens de tempo, a
maior delas marcada por um salto de cerca de sete anos. Sendo que
mesmo com poucos episódios muita coisa já aconteceu. Mas acontecem
quando necessário, isso contribui para que a trama não se torne
arrastada e ao mesmo tempo mantém o desenvolvimento e amadurecimento
dos personagens de forma natural. Desse modo também os
relacionamentos (tanto entre os personagens quanto do telespectador
para com eles) evoluem e mudam de forma orgânica. Você sente raiva,
empatia, mais raiva, compreensão e por aí vai.
Outra
questão muito bem abordada é a divergência religiosa e de costumes
entre nórdicos e cristãos. As diversas discussões a respeito dos
vários deuses vikings contra um único Deus onipresente nos faz
refletir sobre todas as ditas “guerras santas” que foram e são
travadas até hoje. Em dado momento da 3ª temporada um personagem
questiona “por que nossos deuses não podem ser amigos?”.
Certamente é algo que todos deveriam questionar. Quanto aos
costumes, o mais notável é que os vikings possuíam uma visão mais
ampla de igualdade entre homens e mulheres que os cristãos. O que
gera ainda mais embates.
Vikings
é uma série irlando-canadense produzida pelo History Channel
que teve sua estreia no dia 3 de março de 2013. Possui até agora 29
episódios divididos em três temporadas, e a 4ª temporada está
programada para começar em 18 de fevereiro de 2016 e ao que parece
terá vinte episódios. O início pode soar um pouco morno, mas isso
se deve a função inicial de apresentação e não demora a
engrenar. A ambientação é maravilhosa e muitos momentos são de
qualidade cinematográfica.
Concluo
dizendo que Vikings é ideal para aqueles que adoram História
e uma boa trama. (Embora não muito aconselhável para quem
tem estômago frágil.) É uma série incrível e
surpreendente que certamente vai te conquistar como os vikings
conquistaram muitas coisas.
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