quarta-feira, 16 de março de 2016

[Resenha] Codinome Verity

Nome: Codinome Verity
Autora: Elizabeth Wein
Edição: 1/2013
Editora: iD
Páginas: 336

Sinopse: Outubro, 1943: o avião britânico pilotado por Maddie sofre uma pane e cai em plena França ocupada pelos nazistas. Sua melhor amiga, Queenie, é a única passageira desse voo sem volta, que muda o destino das duas garotas. Enquanto uma delas tem uma segunda chance, a outra não tem tanta sorte assim. Emocionante, Codinome Verity conta a história de uma grande amizade, além de também falar sobre espionagem, tortura, mulheres que pilotam aviões e os horrores da Segunda Guerra Mundial.







Comentários:

Esse é um daqueles livros que me apaixonei imediatamente pela sinopse. Apesar de tê-lo descoberto na época do lançamento só o adquiri na Black Friday de 2014, quando o encontrei por menos da metade do preço habitual. Não sei explicar por quê ficou mais de um ano parado em minha estante se eu queria tanto lê-lo, embora, por outro lado, foi bom eu ter garantido um exemplar uma vez que a Editora iD encerrou suas atividades no primeiro semestre de 2015. E agora vejo que não podia mesmo perder a oportunidade, pois Codinome Verity vale muito a pena.

Essa uma história de guerra, mas também da amizade entre Maddie e Julie. A primeira é uma piloto do ATA (Corpo de Transporte Aéreo Auxiliar), inglesa, descendente de judeus, filha e neta de comerciantes. A segunda é agente da SOE (Executiva de Operações Especiais), escocesa, descendente da família real (que lhe rendeu o apelido Queenie). Ambas lutando pelos países aliados contra Hittler, e provavelmente não se tornariam amigas se não fosse pela guerra. Seus destinos talvez nem se cruzariam caso Julie não fosse chamada para traduzir as instruções de Maddie à um piloto alemão que se perdeu em território britânico. Mas elas se conheceram e se tornaram melhores amigas.

Em Codinome Verity vemos alguns aspectos da II Guerra que normalmente são pouco explorados, como o funcionamento das Forças Aéreas, o Serviço Secreto, o trabalho das mulheres e até mesmo como a Gestapo mantinha e torturava seus reféns. Obviamente, trata-se de uma obra de ficção e não um relato histórico. O que faz com que nem todas as informações sejam reais. A autora fez questão de admitir ao fim do livro que tomou certa licença poética para escrever essa história, pois sua primeira inspiração foi escrever sobre uma mulher que pilota aviões (uma vez que a própria Wein é uma piloto licenciada). Todavia, ela inseriu algumas informações verídicas (como a criação da caneta esferográfica para que os pilotos tivessem algo mais prático para escrever) e fatos baseados na realidade como Julie sendo pega em território francês por olhar para o lado errado da rua antes de atravessar. Isso realmente aconteceu com um agente. Saber disso só aumentou minha admiração pelo livro.

Mas o melhor com certeza é a amizade entre as duas protagonistas. Duas jovens mulheres com vidas promissoras pela frente tendo que dar um tempo em seus planos pessoais para servir o país e lutar pelo que achavam certo. Ou ao menos poder continuar fazendo o que queriam, como Maddie que mais do que tudo queria pilotar aviões. Mulheres valentes, que criaram um laço de admiração e confiança mútuos, partilhando desejos e medos. O medo de decepcionar, de que uma bomba atingisse as pessoas que amam. Julie e Madie (bem como os demais personagens) foram muito bem construídas e o que diz respeito às suas personalidades e relacionamento bastante verossímeis. O que faz com seus pensamentos e decisões sejam ao mesmo tempo compreensíveis e aterradores.

Há pouca abertura para outros personagens já que o foco é mesmo Julie e Maddie, o que não chega a ser um problema. Entretanto, dois tiveram um destaque especial. Falo de Ana Engel, agente da Gestapo que traduz as anotações de Julie e que no decorrer da leitura muda nossa opinião, e Jamie, o irmão de Julie que acaba se envolvendo romanticamente com Maddie.

O livro é dividido em duas partes, trazendo os acontecimentos na visão de Julie (Verity) e Maddie (Kittyhawk) através de seus relatórios escritos. Embora as duas escrevessem por motivos diferentes seus relatos se completam, fazendo da segunda parte aquela que bota os pingos nos “is”. Achei incrível como Wein encontrou e usou vozes diferentes para suas protagonistas, parece até ter sido escrito por duas pessoas diferentes. Os capítulos variam entre medianos e curtos, ainda contando com algumas subdivisões conforme o tema que as personagens abordam. Minha única crítica é que alguns momentos contam com informações muito técnicas, o que às vezes pode deixar a leitura um pouco arrastada. Mas tirando isso a narrativa de Wein é maravilhosa. A edição é simples, mas muito caprichada, apenas a fonte é um pouco pequena.

Codinome Verity é uma trama emocionante e trágica. Traz os pesares da vida mas também um tom de esperança, e mostra que amar alguém as vezes requer tomar decisões difíceis. Durante a leitura você fica esperando ou um final feliz ou um desfecho arrasador, qualquer um é válido em uma história de guerra. Mas a escolha de Wein por um final aberto e agridoce soa muito mais crível. Gostaria de ler outras obras da autora, e me pergunto porque este é seu único romance publicado no Brasil. Enfim, recomendo.

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