sábado, 6 de julho de 2013

[Resenha] Adorável Heroína

Título: Adorável heroína
Autores: Michael Hingson e Susy Flory
Edição: 1/2012
Editora: Universo dos Livros
Páginas: 232

Sinopse: Nenhum alarme soou no 78º andar da Torre Norte do World Trade Center e ninguém sabia o que tinha acontecido às 8h46 do dia 11 de setembro de 2001 – uma manhã que teria sido de um dia normal de trabalho para milhares de pessoas. Cego desde o nascimento, Michael também não via nada naquele dia, mas conseguia ouvir os sons de vidro estilhaçado, destroços caindo e pessoas aterrorizadas se reunindo em torno dele e de sua cão-guia. No entanto, Roselle permaneceu calma ao seu lado. Naquele momento, Michael escolheu confiar nos julgamentos de sua cachorra e não entrar em pânico. Eles eram uma equipe. Adorável heroína possibilita ao leitor entrar no World Trade Center segundos após o ataque para vivenciar a experiência de um homem cego e de sua amada cão-guia na luta pela sobrevivência.


Comentários:

Adorável heroína foi pra mim um desses livros que você lê a sinopse na internet ou qualquer lugar e sabe que precisa ler. E então você o vê na livraria e não restam dúvidas: é ele! Nem preciso dizer que o que mais me atraiu foi o fato de ser uma história de companheirismo entre um homem e sua cadela. Amo cães e amo livros. E quando uma história me permite unir essas duas paixões, não deixo de conferi-la. Ainda mais se tratando de uma incrível história real.

Mesmo depois de tantos anos, ainda nos comovemos ao tomar conhecimento da história de algum sobrevivente do atentado ao World Trade Center. Talvez porque costumamos nos concentrar mais no fato de que terroristas sequestram dois aviões e os jogaram contra as torres, e esquecemos de que haviam pessoas trabalhando naqueles escritórios e que de repente precisaram deixar o prédio pelas escadas sem ter muita noção do que estava acontecendo. Michael era uma dessas pessoas. E por ser cego, dependia da ajuda de sua cão-guia Roselle. Os dois dependeram da relação mútua de confiança que tinham para sobreviver, e ainda manter os demais que estavam com eles calmos para que conseguissem sair.

O livro é escrito na primeira pessoa, numa linguagem simples e fluente. Michael altera os acontecimentos do fatídico 11 de Setembro de 2001 com memórias de sua vida. É uma leitura rápida e ágil, mas muito agradável. Alguns momentos são sim bem tensos e trazem algumas lágrimas, principalmente ao que diz respeito sobre a fuga e a relação de Michael com Roselle. É o tipo de livro que te deixa algumas marcas. Mesmo que pequenas, mas deixa.

A vida de Michael é intercalada com a narração da fuga da torre por dois motivos simples. Cego desde que nasceu, Michael precisou criar métodos alternativos (como ele mesmo chama) para se tornar independente em um mundo feito para pessoas que enxergam. E esse autoaprendizado o ajudou muito nesse momento em especial. O outro motivo, que pode ter sido apenas impressão minha, é que foram coisas que ele lembrou para se manter calmo enquanto descia as escadas. Uma vez que em certo momento ele faz menção ao fato de que sua vida passa em flashes quando você acha que vai morrer.

Michael era, naquela época, gerente regional de vendas da Quantum/ATL. E trabalhava em um escritório no 78º andar da Torre Norte do World Trade Center. Ele e seu colega David preparavam a sala de reuniões para um treinamento de vendas que teria naquela dia, enquanto Roselle dormia sob sua mesa. No momento em que o avião atingiu a torre, sentiram o prédio tremer e começar a se inclinar sem saber o porquê. Quando a torre parou de se inclinar, David foi até à janela e só o que viu foi fumaça saindo de alguns andares acima. Pensaram se tratar de uma explosão de gás, o que já era motivo suficiente para deixar o prédio. Então Michael chamou Roselle e começaram sua jornada por 78 lances de escada.

Quando se lê um livro, é normal que você crie as imagens em sua cabeça. E o fato de Adorável Heroína ser narrado por um homem cego não muda isso. Michael passa todas as suas percepções na narrativa, e você cria imagens tridimensionais além de sentir tudo o que ele tem a proporcionar. Inclusive seu bom humor, que em alguns momentos foi uma ótima válvula de escape para a tensão da fuga.

Então pra resumir, Adorável Heroína é um livro que deve ser lido não como um livro sobre um homem que conseguiu fugir de um trágico acidente mesmo sendo cego. Mas como uma história sobre trabalho em grupo, confiança e fé. E, talvez, ainda faça você reavaliar seus preconceitos. Cegueira não é nenhuma tragédia, apenas algo que faz com que algumas pessoas precisem criar métodos alternativos para se virar em um mundo feito para pessoas “normais”. E claro, Roselle é mesmo adorável.

Independentemente do que vier a acontecer, independentemente se vamos viver ou morrer, estamos juntos nisso. E, se não sairmos vivos, espero que continuemos juntos, com minha mão na guia de Roselle. Eu nunca vou deixá-la.
Pág. 135  

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