quarta-feira, 4 de junho de 2014

Gang Related – Primeiras Impressões


Um homem leal à duas famílias.

Da série “Se tem alguém de Lost a Gabriela assiste”. Quando essa questão está em pauta, o roteiro e a probabilidade de ser um flop se tornam detalhes pra mim. Ainda mais quando esse alguém é alguém no nível de Terry O'Quinn. O que não quer dizer que eu me torne negligente na hora de avaliar a produção.

Gang Related se passa em Los Angeles, e tem como protagonista Ryan Lopes (Ramón Rodriguez). Ryan perdeu o pai muito jovem e desde a infância foi muito amigo de Daniel (Jay Hernandez), o filho caçula do maior gangster da região Javier Acosta (Cliff Curtis). Javier também gosta muito dele e meio que o adota, mas não oficialmente. Não quer que ele esqueça o pai verdadeiro, mas realmente cuida dele como parte da família. Apesar de seu filho mais velho, Carlos (Rey Gallegos), nunca ter gostado dele.

Ryan e Daniel foram criados para não fazer parte dos negócios da família. Pelo menos não diretamente, especialmente no caso de Ryan. Ele entrou pra polícia já com a intenção de chegar ao posto mais alto do Departamento de Narcóticos, e hoje faz parte da Task Force. A melhor Força Tarefa no assunto. O plano é que Ryan sempre mecha os pauzinhos a fim de deixar o caminho livre pra Família Acosta, isso até ele começar a questionar sua lealdade com as duas famílias.

A Task Force tem como líder o Comandante Sam Chapel (O'Quinn), um homem de pulso firme e sem rodeios que acima de tudo cuida dos membros da equipe como um pai. Embora provavelmente viverá em constante conflito com sua própria filha Jessica (Shantel Vassanten), a assistente da promotoria. Também fazem parte da equipe: Cassius Green (Rza), o novo parceiro de Ryan; Veronica “Vee” Dotsen (Inbar Lavi), uma detetive determinada e Tae Kim (Sung Kang), um especialista em gangs asiáticas do FBI.


Retornando a Família Acosta, Daniel estudou Direito e realmente deveria ficar fora dos negócios. Mas como advogado em início de uma carreira promissora propõe ao pai que legitimem os negócios, e Javier parece aceitar a proposta. Carlos é que não gosta muito dessa história, uma vez que ele é o herdeiro mais óbvio para o comando. Isso se ele não provocasse a ira de Ryan. Não vou entrar em detalhes, digamos apenas que isso pode mudar um pouco as opções de Daniel.

Vou dizer o que me incomodou fazendo uma pergunta: É impressão minha ou Família Acosta é quase uma cópia da Famiglia Corleone de The Godfather? Tirando um detalhe ou outro, tive uma grande sensação de déjà vu. Vamos às semelhanças:
  • Um gangster que é um ótimo pai de família que adota o amigo órfão do filho;
  • Ele não quer que esse filho adotivo esqueça os verdadeiros pais;
  • O filho mais velho é impulsivo e o mais novo um certinho que não deve seguir o ramo da família;
  • Alguém entra pro Exército e vai para a guerra;
  • O filho mais novo pensa em legitimar os negócios do pai;
  • O mais velho é vítima de uma emboscada que teve colaboração de alguém próximo.
As diferenças estão em detalhes mesmo. Em The Godfather, Tom (o agregado) é amigo do mais velho e não do mais novo. Vito (o pai) era totalmente contra o negócio de drogas. Uma boate então, jamé! Sonny (o mais velho) era impulsivo mas não babaca. Michael (o caçula) desde o início se mostra um homem decidido que não se deixa dominar. E claro, todo mundo ama Tom. Por The Godfather (tanto livro quanto filme) ser considerado a melhor obra sobre gangsters é normal que se torne referência. Há milhares delas em diversas produções. Mas uma coisa é fazer referência e outra bem diferente é copiar. Até o casamento de Connie de certa forma entrou pra história, virando o noivado de Daniel. Mas ok. Vamos torcer pra que essa seja apenas a base e no desenvolvimento a Família Acosta ganhe vida própria.


No entanto tenho que admitir a audácia do criador, Chris Morgan. Não é normal encontrar na TV aberta séries policiais que foquem na vida do protagonista de forma que isso realmente se torne o cerne da história. Pois isso limita um pouco a duração coerente da produção e o que as emissoras querem é algo que venda o máximo possível durando quantos anos puder sem importar como. Mas aqui está Gang Related com uma história central concreta que não pode ser abandonada por episódios a fio. E apesar de não conseguir ver muito bem como essa história pode evoluir, cabe aos produtores desenvolvê-la de forma a garantir umas boas 4 ou 5 temporadas. Claro que também dependerá um bocado da FOX, conhecida por se meter nas produções. Está na hora da emissora deixar os produtores fazerem o trabalho deles né?

Me agradou também ver uma grande diversidade étnica na Task Force. Basicamente cada um entende melhor o funcionamento de uma gang específica. Da gang do bairro em que cresceram, de sua etnia. Isso agrega um dinamismo bem interessante. Eles também são adeptos do “vale tudo pra prender um bandido”, quebrando o estigma de policiais certinhos da TV aberta. Ação, entrosamento, diálogos e atuações também estão de bom grado.

Em resumo, Gang Related teve uma estreia razoável. Não trouxe nada surpreendente ou inovador, nem mesmo foi brilhante. Tudo vai depender da forma como vai se desenvolver. A FOX encomendou 13 episódios, espero que até o terceiro já mostre todo o potencial.


Observação: A série nada tem a ver com o filme homônimo de 1997, estrelado por James Beluchi, James Earl Jones e Dennis Quaid.

2 comentários:

  1. Oi Gabi,

    Acho tão lindo sua devoção por Lost! A cada vez que você faz um citação dela eu penso: "tá, tenho que dá um jeito de ver logo essa série". Agora sobre Gang Related, em um primeiro momento não me chama muito atenção, mas ficarei atento ao seu balanço de temporada e quem sabe depois daí...

    Abraços!!!

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  2. GabrielaCeruttiZimmermann14 de junho de 2014 às 17:14

    É praticamente uma devoção mesmo, Jeferson. Foi a primeira grande série que vi. Sobre Gang Related por enquanto não recomendo mesmo. Até que estou gostando, mas não a ponto de sai indicando. Por enquanto fique só com Lost mesmo. [rs]


    Abraço!

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