quarta-feira, 22 de abril de 2015

[Resenha] Uma Visão do Fogo

Nome: Uma Visão do Fogo
Série: Saga do Fim do Mundo – Livro #01
Autores: Gillian Anderson, Jeff Rovin
Edição: 1/2014
Editora: Fantasy Casa da Palavra
Páginas: 304

Sinopse: O primeiro romance de Gillian Anderson, protagonista da série Arquivo X no papel da agente Scully, é um thriller de ficção científica de proporções épicas.

A especialidade de Caitlin O'Hara, uma renomada psicóloga infantil, é ajudar crianças e jovens que sofreram algum tipo de trauma. Mas sua vasta experiência é desafiada quando Maanik, filha do embaixador da Índia na ONU, começa a ter visões, falar línguas desconhecidas e se autoflagelar em uma espécie de transe. Caitlin tem certeza de que os ataques estão ligados à recente tentativa de assassinato do pai da menina, fato que provocou uma tensão nuclear entre Índia e Paquistão. Mas quando adolescentes de outras partes do mundo começam a ter visões semelhantes, Caitlin percebe que uma força oculta pode estar por trás do fenômeno...

Sob a iminência de um conflito global, Caitlin terá que viajar por diversos países em busca de possíveis ligações paranormais entre os incidentes a fim de salvar não apenas sua paciente, mas talvez o mundo.


Comentários:

Quando saiu a notícia de que Gillian Anderson escrevera um livro em parceria com o autor Jeff Rovin pensei: “Ela é uma atriz fantástica e escreveu um ótimo episódio de The X-Files. Vamos ver como se sai com um livro.” Claro que a premissa é daquelas que chamam minha atenção logo de cara, então todos os fatores foram se mostrando favoráveis. E o que posso dizer a princípio é que Uma Visão do Fogo é mais uma prova de que Anderson é uma mulher de múltiplos talentos.

Caitlin O'Hara é uma psiquiatra especializada em adolescentes que também trabalha com a Organização Mundial da Saúde principalmente com casos de trauma coletivo, causado por grandes catástrofes. Certo dia seu amigo Ben, que é tradutor da ONU, pede para ela dar uma olhada em Maanik Pawar, filha do embaixador da Índia. Após seu pai, Ganak Pawar, sofrer um atentado por estar tentado parar os conflitos na região da Caxemira e promover a paz entre Índia e Paquistão, a menina começou a ter crises. A adolescente que costumava ser bem-humorada, inteligente e cheia de vida passou a ter apagões onde grita de dor, se arranha, fala palavras estranhas e faz gestos esquisitos. E isso é só a ponta do iceberg.

Inicialmente Caitlin acredita que as crises de Maanik estão totalmente associadas ao trauma de ver o pai correr risco de vida. Mas logo ela começa a perceber, através do processo de hipnose, que as visões da menina não são apenas delírios. Ela está vivenciando algo. Junto com Ben nota que a garota não grita sílabas avulsas, mas palavras de outras línguas, inclusive umas muito antigas, e que apesar de nunca tê-las estudado as pronuncia como algo que para ela faz todo o sentido. Caitlin não demora a descobrir que outros dois jovens em lugares bem distantes do mundo (Haiti e Irã) estão tendo sintomas semelhantes. Ela precisa viajar para descobrir o que esses casos têm em comum, e terá que deixar seu ceticismo de lado se quiser ajudá-los.

Enquanto isso, acompanhamos alguns momentos de um grupo de estudos que está pesquisando uma série de relíquias encontradas pelo mundo. Seus principais integrantes são Flora, a diretora do instituto, e Mikel, o caçador de recompensas responsável por “coletar” as relíquias. O fato é que logo que Mikel conseguiu o último artefato foi que os jovens começaram a ter esses episódios. Além disso, animais se portam de forma estranha perto desse artefato e dos jovens. Expressam medo e tentam fugir. E ninguém faz ideia da grandiosidade que faz esses fatos se conectarem.

Ao nos levar por uma jornada que envolve elementos científicos, históricos, místicos e sobrenaturais, os autores vão nos mostrando os fios que formam essa trama. Assim como Dana Scully, personagem de The X-Files que consagrou Anderson como atriz, Dra. Caitlin começa essa história com total ceticismo. Acreditando que existe uma explicação médica, totalmente científica para o que está acontecendo. Mas aos poucos ela vê que a ciência não explica tudo. E mesmo sem entender como alguns fatos estão conectados precisa dar um salto de fé para ajudar os jovens e evitar que o mundo entre em colapso.

Gostei tanto de Uma Visão do Fogo que estou com dificuldades para expressar o que senti com o livro. Parece que nenhuma frase que eu possa formar conseguirá definir a experiência. A trama é envolvente e concisa. As coisas acontecem num ritmo agradável e de forma natural, todos os acontecimentos são bem estruturados. Assim como os personagens que são cativantes e bem construídos, com uma boa dose de verossimilhança. É impossível não admirar o altruísmo de Caitlin, o bom humor de Ben ou a força de Maanik. O diálogos são dinâmicos e os relacionamentos bem estruturados. Tudo isso contribui para que o enredo além de inteligente seja orgânico.

Com capítulos curtos e medianos vamos acompanhando de forma intercalada Caitlin cuidando de Maanik e pesquisando para ajudar os jovens, um pouco da vida deles, Ganak e Ben nas negociações de paz e o grupo de estudos que está atrás das relíquias. A narrativa em terceira pessoa é fluida, direta e as descrições são na medida certa, o que colabora para uma leitura rápida e instigante. Inserir alguns momentos cotidianos serviu não só para trazer certa leveza e fazer um contrabalanço, mas também ajudou a humanizar ainda mais os personagens. Tanto é bom ver Caitlin tomando um café com Ben ou passando algumas horas com seu filho de 10 anos Jacob quanto ver Ganak e Maanik conversando sobre o cenário político durante o trajeto até a escola. Sendo que mesmo nesses momentos os personagens tem insights sobre o que está acontecendo.

Por ser o primeiro volume de uma trilogia, Uma Visão do Fogo tem um caráter introdutório e ainda assim traz um conteúdo muito rico. Fomos apresentados aos eventos e tivemos vislumbres de que estão ligados a civilizações muito antigas e a uma grande catástrofe no passado, mas sem saber o que virá. Da mesma forma que tivemos apenas relances do tal grupo de estudos e suas relíquias, mas por eles terem formado o prólogo e o epílogo é porque ainda temos muito a descobrir sobre eles. E creio que em alguma hora cruzarão com o caminho de Caitlin e os núcleos terão que se fundir.

Esse é apenas o início da Saga do Fim do Mundo, e promete muito mais pela frente. Recomendo para quem gosta de histórias com uma boa dose de ação e que tragam informações variadas intricadas ao enredo. O final do livro foi empolgante e teve aquele gostinho de “a verdade está lá fora”. A estreia literária de Gillian Anderson não poderia ter sido melhor.


Revisão e edição: Marina Ribeiro Kodama

2 comentários:

  1. Francielle Couto Santos30 de abril de 2015 às 08:38

    Gabi, os elementos que você pontuou mostra que estamos falando de uma história rica. Sinceramente, fiquei muito interessada!!! Já comecei até a fazer teorias aqui (hahahahaha) sobre o lance do artefato com os adolescentes que Caitlin atende mediante os insight. OMG! Adoro histórias que dão um nós. :D

    Não tem nada melhor do que iniciarmos uma trilogia com o pé direito. E sua empolgação certamente deixará qualquer um que curte o gênero com vontade de ler. \Õ/

    Beijos,
    http://www.universoliterario.com.br/

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  2. GabrielaCeruttiZimmermann30 de abril de 2015 às 18:22

    Teoria é com a gente mesmo, né Fran? kkkkk Fico feliz que tenha se empolgado com minha empolgação. Minhas expectativas foram superadas e espero que continue assim com os próximos volumes. É brilhante! E se for ler não esqueça de me avisar. ;)


    Beijos!

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