domingo, 26 de janeiro de 2014

[Resenha] As Crônicas de Nárnia

Título: As Crônicas de Nárnia – Volume Único
Autor: C. S. Lewis
Edição: 1/2006
Editora: WMF Martins Fontes
Páginas: 752

Sinopse: Viagens ao fim do mundo, criaturas fantásticas e batalhas épicas entre o bem e o mal - o que mais um leitor poderia querer de um livro? O livro que tem tudo isso é O leão, a feiticeira e o guarda-roupa, escrito em 1949 por Clive Staples Lewis. Mas Lewis não parou por aí, seis outros livros vieram depois e, juntos, ficaram conhecidos como As crônicas de Nárnia.

Nos últimos cinquenta anos, As crônicas de Nárnia transcenderam o gênero da fantasia para se tornar parte do cânone da literatura clássica. Cada um dos sete livros é uma obra-prima, atraindo o leitor para um mundo em que a magia encontra a realidade, e o resultado é um mundo ficcional que tem fascinado gerações.

Esta edição apresenta todas as sete crônicas integralmente, num único volume magnífico. Os livros são apresentados de acordo com a ordem de preferência de Lewis, cada capítulo com uma ilustração do artista original, Pauline Baynes. Enganosamente simples e direta, As crônicas de Nárnia continuam cativando os leitores com aventuras, personagens e fatos que falam a pessoas de todas as idades, mesmo cinquenta anos após terem sido publicadas pela primeira vez.


Comentários:

Faço parte daquele grupo que só tomou conhecimento do fantástico (em todos os sentidos da palavra) mundo criado por C. S. Lewis quando a Disney lançou a adaptação cinematográfica de O Leão, a Feiticeira e o Guarda-roupa em 2005. (Juro, não sinto orgulho de dizer isso.) E embora até hoje só tenha visto o primeiro filme inteiro (também não sinto orgulho de dizer isso), desde então tive vontade de ler a obra original. Essa vontade aumentava a cada referência vista em filmes e séries, pois apenas grandes histórias são dignas de ganhar referências em histórias de outros. Pois bem, chegou a hora de realizar esse sonho.

Com o fato de As Crônicas de Nárnia se tratar de uma série composta por sete livros, fiquei um pouco na dúvida se escreveria esse post como resenha ou na coluna Maratona de Vícios. Todavia, como li no formato de um livro único, decidi que uma resenha seria. Até porque esse volume único traz a história em ordem cronológica ao invés da ordem em que os livros foram lançados (mais sobre isso adiante), mudando um pouco meu conceito de “acompanhar uma série”.

Não falarei muito sobre as histórias pois nada que eu pudesse dizer faria jus a elas. Focarei mais na minha experiência com a leitura, embora também seja algo difícil de colocar em palavras. Bom, na década de 1949, C. S. Lewis escreveu para sua afilhada Lucy o conto O Leão, a Feiticeira e o Guarda-roupa. Nesse livro os irmãos Lúcia, Edmundo, Pedro e Susana descobrem que dentro do velho guarda-roupa do Dr. Kirke (tio das crianças) há um mundo inteiro: Nárnia. Depois desse livro surgiram outros seis que hora avançam na história, hora regressam. E todos esse sete livros juntos formam o que conhecemos como As Crônicas de Nárnia.

Provavelmente você sabe que Lewis criou a mitologia de Nárnia com base no cristianismo, além de usar aspectos da mitologia grega, nórdica e dos contos de fada. E de fato fez belas metáforas e analogias. Quem conhece pelo menos o básico da mitologia Cristã consegue perceber o que o autor quis dizer em suas passagens. Mas teve a grandeza de escrever de uma forma que qualquer pessoa, independente de crença, pudesse ter uma leitura agradável e usufruir de suas lições e morais. Pois também percebi inúmeras críticas sociais, tanto quando a narrativa está em nosso mundo quanto em Nárnia. Encontrei diversos trechos que me fizeram parar e pensar no mundo em que vivemos.

Uma coisa que admiro muito nesses clássicos da literatura infantil é a grandeza da narrativa. São histórias bonitas e profundas, com críticas sociais e aspectos psicológicos. Isso faz com que pessoas de qualquer idade possa lê-los e gostar deles. Coisa rara hoje em dia. E esse volume único traz no final um ensaio intitulado Três maneiras de escrever para crianças onde Lewis diz que “um livro que só é bom para crianças, não é um bom livro”. (Tenham em mente que ele escreveu isso há mais de cinquenta anos.) O que é a mais pura verdade, pois esse tipo de livro tende a mais do que tudo subestimar a capacidade das crianças. Lewis ainda usa muitos outros argumentos que não vou levantar aqui, mas talvez faça isso em outra ocasião. Abordei essa questão porque mesmo tendo isso em mente, não pude deixar de ficar chocada com o final de A Última Batalha, livro que narra o fim da jornada. Algumas coisas eu até esperava, mas outras me surpreenderam pelo seu significado. Jamais imaginaria que a saga tivesse tal encerramento, mas isso só engrandeceu ainda mais a obra. E fugindo um pouquinho do assunto, ouso dizer que se mais gente tivesse lido As Crônicas de Nárnia, talvez menos gente tivesse dito odiar o final de uma certa série de TV cujo nome não vou citar pra evitar qualquer spoiler de qualquer tipo. Mas creio que muitos saibam que série é essa.

Como mencionei acima, esse volume trás os livros de Nárnia em ordem cronológica. Então vou escrever os títulos nessa ordem e entre parênteses sua posição na ordem de lançamento: O Sobrinho do Mago (6º), O Leão, a Feiticeira e o Guarda-roupa (1º), O Menino e seu Cavalo (5º), Príncipe Caspian (2º), A Viagem do Peregrino da Alvorada (3º), A Cadeira de Prata (4º) e A Última Batalha (7º). Dessa vez os li nessa ordem, mas em uma próxima leitura provavelmente optarei pela ordem de lançamento. Isso porque as vezes é mencionado um livro que por ter sido escrito antes, Lewis certamente supôs que também seria lido antes, mas só vem muito depois. E também menciona que futuramente contará tal história, quando na verdade você já leu. Então minha dica seria ler na ordem de publicação. Essa edição da Editora WMF Martins Fontes tem uma capa maravilhosa, uma bela representação da figura de Aslam que certamente merece lugar de destaque na estante. Também tiveram a felicidade de manter as ilustrações originais de Pauline Baynes. Só achei que a fonte 10 em páginas brancas e as margens bem justificadas às bordas das folhas tornaram a leitura um pouco desconfortável, mas nada demais. Eu na verdade queria ter comprado os livros individualmente, mas os preços no Brasil não são muito permissivos.

Por fim digo que se procura por uma bela história de fantasia que te dê motivos pra pensar, certamente deve ler As Crônicas de Nárnia. Permita que C. S. Lewis te leve em uma grande jornada pelo belo mundo que criou. Se permita também voltar a ver o mundo com os olhos de criança, talvez perceba algo mais. E lembre-se sempre de Alam.


-Sabe Su, acaba de me ocorrer uma ideia terrível. 
-O que foi? 
-Não seria medonho se um dia, no nosso mundo, os homens se transformassem por dentro em animais ferozes, como os daqui, e continuassem por fora parecendo homens, e a gente assim nunca soubesse distinguir uns dos outros?
Pág. 349

Nenhum comentário:

Postar um comentário