Porque
existem aqueles que fazem a diferença.
Com
apenas três temporadas e 28 episódios exibidos chegou ao fim uma
série tão fantástica quanto o homem que lhe deu nome. Da
Vinci's Demons conseguiu a proeza de ser uma brilhante ficção
histórica que trouxe como herói ninguém menos que o artista,
inventor, gênio, Leonardo da Vinci sem parecer forçação de barra.
Sem dúvida alguma uma trama digna do Maestro.
Lá no
início, em 2013, não imaginei que uma série que comecei a ver
simplesmente por ser a respeito de Leonardo da Vinci se tornaria uma
das minhas favoritas. Certo, fiquei bem empolgada com a série desde
o início e gostei tanto de vê-lo na versão “herói de ação”
que logo após a 1ª temporada cheguei a fazer postagem compilando
sua “descendência segundo o universo da TV”. A 2ª temporada foi meio preguiçosa, mas ainda era Da Vinci's Demons. E embora
seja uma série que não apareceu muito por aqui e nem que eu comente
muito por outros meios é uma das que mais me deixava ansiosa pelos
novos episódios. Doeu descobrir que a 3ª temporada seria a última,
bem como todos os adiamentos de sua exibição. Mas sabia que não
deixariam a desejar.
Um dos
fatores mais brilhantes da série foi “tirar do papel” aquelas
invenções que o próprio da Vinci nunca teve coragem para tal por
serem terríveis demais. O homem que criava também era capaz de
destruir. E o que dizer daqueles maravilhosos insights que
consistiam em animações de seus esboços originais que sempre foram
um verdadeiro presente para os olhos? Magnífico! Tudo isso
contribuiu para que Da Vinci's Demons tivesse um certo tom de
steampunk, o que caiu muito bem já que de qualquer forma ele
sempre foi um homem a frente de seu tempo. Todavia, a temporada final
usou e abusou desses quesitos na luta contra os Otomanos e os Filhos
de Mithras, resultando em algo nada menos que maravilhoso.
A série
sempre abordou as questões de féXciência de uma forma que
se enquadrava nos conhecimentos e costumes da era renascentista e ao
mesmo tempo remete ao nosso tempo contemporâneo. Essa dualidade por
muitas vezes rendeu um certo toque de ficção científica, e o que
dizer do episódio onde Leonardo se viu em uma realidade alternativa
onde se viu feliz ao lado de Lucrezia e com filho embora o mundo
estivesse um caos? Sensacional. Há muitos outros momentos que
infelizmente não tenho como enumerar, mas não esqueçamos o
brilhante momento em que Leonardo e sua irmã Sophia criaram a arma
elétrica. Impressionante.
Tão
notável quanto ver a remontagem da história foi a reconstrução de
sua família. A mãe que Leonardo nunca conheceu, um breve momento de
entendimento com seu pai e a possibilidade de uma irmã por parte de
mãe. A verdade é que a série teve muita liberdade nesse quesito,
pois a não ser por seu pai Piero da Vinci a história carece de
informações sobre sua família. Tudo foi tão minunciosamente
planejado que só ficava a sensação de que seria possível, de que
era real.
Toda a
trama tinha essa magia de soar real não importando o quanto fatores
da verdadeira história fossem alterados. Em grande parte isso se
deve ao magnífico elenco que se entregou de corpo e alma nesse
trabalho. Eles não interpretaram, eles foram essas pessoas. Tom
Riley encarnou como ninguém o jovem Leonardo com todas as suas
angústias e dilemas entre o poder de criar e destruir. Laura Haddock
foi a perfeita Lucrezia, odiada e amada, capaz de tudo até o momento
de sua rendição. Elliot Cowan fez de Lorenzo um homem forte em suas
fraquezas, totalmente mudado pelo seu período como refém dos
Otomanos. Lara Pulver fez uma digna Clarice até o fim repentino de
sua personagem. Hera Hilmar marcou muito bem o crescimento de
Vanessa, da jovem amante da liberdade à mãe de Giulio e de
Florença. Bem como Eros Vlahos fez a perfeita transição do jovem e
inocente Nico ao astuto Nicolau Maquiavel. Gregg Chillin foi o Zo
amigo e companheiro de Leonardo para todas as horas. E como toda boa
história precisa de um grande vilão, James Faulkner fez um Papa
Sixtus detestável que contrastava diretamente com seu gêmeo
Alessandro. E por último mas não menos importante, Blake Ritson fez
com que Riario apesar de ter se tornado compreensível continuasse
temido até o fim.
Ainda
teria muito a se dizer, e certamente muito mais a se mostrar. Essa
série que foi exibida oficialmente de 12 de abril de 2013 a 26 de
dezembro de 2015 pelo Starz provavelmente ainda poderia render
muito com todas as suas conspirações. Mas tudo tem que chegar ao
fim, e o que foi mostrado agradou. No entanto, os produtores
comentaram a possibilidade de daqui a alguns anos fazer uma 4ª
temporada de Da Vinci's Demons. Isso não seria má ideia, já
que Leonardo deixou claro ao citar Verrocchio que não vai
simplesmente aceitar que tudo acabou e ficar parado.
“Pessoas que realizam, raramente se recostam e deixam as coisas acontecerem para elas. Elas saem e fazem as coisas acontecerem.”