sexta-feira, 16 de outubro de 2015

[Resenha] A Menina que Semeava

Nome: A Menina que Semeava
Autor: Lou Aronica
Edição: 1/2013
Editora: Novo Conceito
Páginas: 416

Sinopse: Chris Astor é um homem de seus quarenta e poucos anos que está passando pelo mais difícil trecho de sua vida. Ele tem uma filha, Becky, de 14 anos, que já passou imensas dificuldades até chegar a se tornar uma moça vibrante e alegre, mas que parece que terá que enfrentar mais um grande problema em sua vida.
Quando Becky era pequena e teve câncer, Chris e ela inventaram um conto de fadas, uma fantasia infantil que adquiriu vida e tornou-se um terrível, provavelmente fatal, problema.
Agora, Chris, Becky e Miea (a jovem rainha da fantasia criada por pai e filha) terão que desvendar um segredo: o segredo de por que seus mundos de fantasia e realidade se juntaram neste momento. O segredo para o propósito disso tudo. O segredo para o futuro. É um segredo que, se descoberto, irá redefinir a mente de todos eles.A menina que semeava é um romance de esforço e esperança, invenção e redescoberta. Ele pode muito bem levá-lo a algum lugar que você nunca imaginou que existisse.
Uma fantasia que trabalha assuntos densos como a separação dos pais, oncologia infantil, separação de filha e pai, adolescência. A menina que semeava não é um livro sobre adolescentes comuns. É sobre uma que se deparou prematuramente com a ameaça do fim e teve de tentar aprender a lidar com ele.

Comentários:

Lembro de ter ficado bem interessada pela premissa de A Menina que Semeava desde a época do lançamento. Não eram poucos os elogios e fiquei até bem feliz por tê-lo ganho em uma promoção pouco tempo depois, mas como outros tinham prioridade ele foi ficando e ficando. Enfim, depois de dois anos, finalmente decidi lê-lo, mas não posso dizer que a espera valeu a pena.

Becky teve leucemia quando criança, e para ajudá-la a se tranquilizar nas noites de insônia seu pai, Chris, teve a ideia de criarem uma história. Assim surgiu Tamarisk, o reino mágico criado por eles e onde aconteciam as aventuras da Princesa Miea. As histórias continuaram mesmo quando a doença de Becky entrou em remissão e foi amadurecendo e evoluindo conforme a menina foi crescendo. Mas quando os pais se divorciaram sua mãe, Polly, a jogou de tal forma contra o pai que ela não quis mais saber das histórias.

Quatro anos após divorcio Polly está casada novamente com um cara legal enquanto Chris não supera o fato de ter sido afastado bruscamente de sua filha e ter um contato restrito com ela. Becky se tornou uma adolescente vívida, até sentir sinais de que o câncer está voltando. Eis que ela descobre que Tamarisk e Miea - que agora é rainha - são reais, só que o reino está sendo ameaçado por uma grande praga que está destruindo toda a vegetação daquele mundo. E elas tentarão buscar uma cura.

Essa é uma daquelas tramas que tinha tudo para dar certo, mas não deu. Existem outras histórias que mesclam mundo real e fantasia usando personagens que criam mundos imaginários e depois descobrem que são reais, como o filme O Labirinto e a trilogia de livros Mundo de Tinta da autora Cornelia Funke. O que difere estes de A Menina que Semeava é que aqui faltou coerência e sobram assuntos mal explorados, transformando tudo num misto de coisas que parecem não se encaixar direito.

Digo, tudo bem que o autor tivesse a intenção de trazer temas como câncer infantil e o efeito da separação dos pais nos filhos na intenção de trazer um pouco de seriedade ao livro. O problema foi a abordagem superficial e um tanto caricata que rendeu um tom clichê. Isso até poderia ser relevado caso os personagens fossem carismáticos e verossímeis, o que não posso dizer que o sejam. Apenas soam forçados e insossos. Chris é totalmente apático com relação à ex e ao divórcio mesmo depois de quatro anos, Becky é aquela garota boa demais para ser verdade e Polly é uma mulher que simplesmente não conseguia aguentar a proximidade de Chris e Becky e por isso pediu divórcio. O que os tornam não só difíceis de se acreditar mas também um tanto irritantes. Por incrível que pareça os personagens de Tamarisk - que praticamente se resumem a Miea e alguns coadjuvantes - são os que trazem um pouco mais de verossimilhança. Com a exceção talvez de Lonnie, melhor amiga de Becky que aparece em pouquíssimas passagens.

O que também não ajudou foi o formato escolhido. A narrativa é feita em terceira pessoa intercalando os acontecimentos do "mundo real" e Tamarisk, o que não seria problema se os capítulos não fossem longos a ponto dos revezamentos acontecerem até quatro vezes dentro de um mesmo capítulo. E além de intercalar as perspectivas de Becky, Miea, Chris e Polly ainda existe um tal de Gage que de alguma forma parece ser o responsável pelo encontro de Becky e Miea embora não explique exatamente como, o que pra mim o torna totalmente irrelevante. Fora que tive a impressão de que o autor inseriu diversos fatos corriqueiros esmiuçando o máximo possível em detalhes na tentativa de tornar a trama mais verossímil, mas que não acrescentaram nada. Um exemplo é que foram mais de três páginas só para mostrar Polly ensinando Becky a fazer uma torta de frango. Sabem o que isso acrescentou à trama? Nada.

Os problemas ainda vão de diálogos artificiais a tentativas de criar seres e uma nomenclatura própria (como Tolkien fez com as histórias da Terra Média ou Rowling fez com o universo de Harry Potter) que você não consegue decorar simplesmente porque a trama não te cativa a esse ponto. Apesar disso tudo, persisti até o final na esperança de encontrar algo satisfatório no desfecho da trama. Mas infelizmente o que não foi previsível me pareceu forçado.

A Menina que Semeava é um desses contos de fadas modernos que aparentemente conquistou muita gente, visto que possui uma avaliação alta em sites como o Skoob. Mas certamente não me conquistou e tão pouco pretendo conferir outras obras do autor.

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