terça-feira, 19 de agosto de 2014

[Mega Resenha] Coleção O Poderoso Chefão


Uma história de família e poder.

Quando escrevi aqui sobre minha experiência com a trilogia The Godfather, expressei minha vontade de conferir também a obra literária. Não imaginei que seria tão cedo, mas quando vi o box da Editora Record em promoção não resisti. São edições econômicas, simples. Mas são as únicas disponíveis atualmente. E apesar de achar que uma história de tal magnitude mereça edições à altura, são bem razoáveis.

O box contém quatro livros. O Poderoso Chefão, A Volta do Poderoso Chefão, A Vingança do Poderoso Chefão e O Último Chefão. O que me surpreendeu e agradou muito foi ver que com exceção do primeiro título, os demais relatam momentos e acontecimentos diferentes dos filmes. E mesmo quando se trata de algo comum é por um ponto de vista diferente. Isso se deve ao fato de que o primeiro filme é inspirado na obra de Mario Puzo, mas Coppola seguiu com as duas sequencias por um rumo ao passo que Mark Winegardner seguiu com os dois livros seguintes por outro. O que permite um aprofundamento ainda maior sobre a família Corleone. Mas infelizmente não foi uma experiência 100% satisfatória.

O Poderoso Chefão é um livro perfeito, tão perfeito quanto o filme. Pra quem já assistiu, é praticamente o mesmo enredo. Diferenciando-se apenas por se aprofundar mais em personagens como Johnny Fontane, Lucy Mancini e até Kay Adams e no que diz respeito a juventude de Vito Corleone, que é mostrada apenas no segundo filme. Na verdade fiquei feliz em ver que a adaptação foi tão fiel, com exceção de pequenos detalhes e em particular um que levou o terceiro filme a ter um plot único. Mas como foi um filme igualmente ótimo é algo que se pode relevar. Sobretudo, apreciei muito a narrativa de Puzo e a forma como faz uso de disfunções temporais. Indo e voltando no tempo para construir seus personagens. Isso torna a leitura um pouco mais lenta, mas nada cansativa. E tem mais. Parece que ao invés de criar personagens Puzo, entrou na mente de algumas pessoas e fez uma autópsia de psiques humanas pra escrever, de tão realistas que são.

A Volta do Poderoso Chefão e A Vingança do Poderoso Chefão foram escritos por Mark Winegardner. Me vi bastante dividida a respeito desses dois livros. Gostei de terem retratado momentos distintos ou por pontos de vista diferentes dos filmes. Ou por mostrar personagens que nem aparecem neles, como as filhas gêmeas de Sonny (Francesca e Kathy). Ou até se aprofundar mais em personagens como Tom Hagen e Fredo. Contar sobre a infância e juventude de Michael e Tom. Todavia, não conseguiu me envolver tanto quanto a obra original. Nunca li nada de Winegardner, então não posso afirmar com certeza, mas me pareceu que ele tentou imitar o estilo de Puzo aqui. E não foi tão bem sucedido. E alguns atos acabaram descaracterizando um pouco certos personagens, deixando-os até um tanto menos cativantes. Nisso os filmes tiveram mais sucesso. Sem falar que o vilão criado por Winegardner, Nick Geraci, é muito chato.

Então cheguei em O Último Chefão, e como esse é escrito por Puzo já fiquei super animada. Mas como não tinha lido as sinopses dos livros por medo de que estragassem a leitura, me surpreendi ao descobrir que o livro não encerrava a saga da Famiglia Corleone, e sim falava sobre a Famiglia Clericuzio. O enredo se passa no início da década de 1990, e mistura o mundo da máfia com a produção de um filme hollywoodiano. Apesar de ter gostado bastante dessa trama, também não me envolvi tanto. Isso porque confesso não ter simpatizado tanto com o clã Clericuzio quanto o Corleone. Mas não pude deixar de me deliciar com a narrativa e as artimanhas de Puzo. O que me faz desejar ler muitos outros livros do autor. Mas voltando a'O Último Chefão, o livro foi adaptado em uma minissérie de TV em 1997 chamada The Last Don. E apesar de não ter curtido tanto o livro, fiquei com certa vontade de conferir.

Todavia, a experiência com esse último livro me fez pensar em qual teria sido o critério usado pela Editora Record para escolher os livros que formariam o box. Se foi pelos títulos, sem nem mesmo avaliarem as sinopses. Pois pesquisando um pouco descobri que a trilogia planejada por Puzo seria O Poderoso Chefão, O Último Chefão e Omertà. E creio que O Siciliano também poderia ter seu lugar nessa coleção. Mas tudo bem. Pretendo ler esses livros de qualquer forma, mas quando se é uma colecionadora, você quer que todos os livros sejam de uma mesma edição.

Ainda sobre as edições, o que mencionei sobre serem simples mas razoáveis define bem. As capas apesar de não terem abas são fortes e não vão criar as famosas orelhas com facilidade. As folhas são brancas e a fonte mediana, o que dá pra relevar. Mas existem falhas de impressão, páginas onde algumas partes ficaram meio apagadas. Também há alguns erros de revisão, principalmente no último livro. Nisso acho que a editora podia ter dado um pouquinho mais de atenção. Mas pelo menos as capas ficaram lindas. Sobre a capitulação, tanto Puzo quanto Winegardner mesclam capítulos longos, medianos e alguns poucos curtos. Além dividir as obras em partes chamadas de livros. O que combinou bem.

O Poderoso Chefão é uma obra prima tanto na literatura quanto no cinema. Um grande marco de seu gênero e que deve ser conferido por todos que o apreciam. Foi uma experiência que além de excelente contribuiu muito no desenvolvimento do meu senso crítico. Repetiria algumas vezes, e assim espero poder fazer.

2 comentários:

  1. Gabi tenho muito interesse e ainda quero ler estes livros. É uma pena quando a editora não faz muita questão de um livro em edição econômica né? Mas tudo é superável, ainda mais quando a história é boa. Sempre me lembro de Harry Potter, a história é tão boa que até esqueço a cagada que a Rocco fez na edição.


    Rsss abraços
    www.booksever.blogspot.com

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  2. GabrielaCeruttiZimmermann21 de agosto de 2014 às 10:23

    Pois é, também tenho as edições econômicas de Harry Potter mas só descobri quando chegaram. Realmente da pra relevar durante a leitura, mas é triste saber que será algo tão durável. Mas O Poderoso Chefão é uma história que vale a pena conferir de qualquer forma, e é bom saber que você tem interesse, Filipe.


    Abraço!

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