quinta-feira, 29 de maio de 2014

Person of Interest – Balanço da 3ª temporada


Uma temporada completamente relevante.

Quando Jonathan Nolan e JJ Abrams começaram Person of Interest, não imaginaram que alguns anos depois o então funcionário da CIA e contratado da NSA Edward Snowden revelaria ao mundo a existência os programas de vigilância e antiterrorismo do Governo. Bem como a invasão de privacidade em que implicam. Coincidência ou não, isso certamente afetaria na trama. Que graça teria uma história sobre um programa secreto do Governo quando na vida real todo mundo tem conhecimento de sua existência?

Se os escritores tiveram que mudar o plano ou apenas antecipar alguns plots que estavam reservados para o futuro eu não sei, só sei que deu muito certo. Mais ação, mais drama, mais conspiração, mais ficção cientifica, mais da vertente distópica que a série traz. Tudo meticulosamente engrandecido. Assim como a trama que passou a ser menos policial e mais política. O bom é que essa mudança foi gradativa e regular, sem soar forçada ou um ato desesperado de fazer o enredo soar coerente, como se vê em muitas séries.


Era um tanto óbvio que para a Machine poder tomar a importância que essa nova fase requeria, o plot sobre a corrupção da polícia precisava acabar. O que talvez estivesse predestinado junto a isso desde o início e me recusei a enxergar é que quando esse momento chegasse, Carter teria que morrer. Na hora foi um choque, mas agora, em retrospecto, me parece claro como água que isso aconteceria. Carter mais do que todos queria acabar com aquilo, queria justiça por Cal. Pela sua carreira e tudo mais. Acabou como heroína e tragicamente última vítima daqueles que lhe tiraram tanto. A morte de Carter foi sofrida tanto para os demais personagens como para os fãs de Person of Interest. Não me lembro da última vez que a morte de um personagem foi tão impactante e dolorosa. E justo quando Carter e Reese tinham se declarado? Mas ela foi vingada, e jamais será esquecida.

Shaw não veio para substituir Carter, ela tem seu próprio lugar na equipe. No início da temporada até achei que teríamos milhares de ótimos momentos com Carter, Shaw e Zoe. Mas no fim das contas acabou sendo apenas Shaw e Root, o que não é nada ruim. Pelo contrário. É ótimo ver as duas juntas em ação! A forma como são opostas e ao mesmo tempo semelhantes fica muito bem na tela. E se uma amizade masculina é chamada de bromance, uma feminina seria sismance? Porque é isso que a relação de Shaw e Root está pra se tornar. Fui obrigada a rir no season finale quando Shaw disse que precisava ir atrás de Root ou ela morreria, sendo que até bem pouco tempo ela mesma a mataria.


Nossos rapazes estão cada vez mais apaixonantes, porém mais sofredores. Foi dolorosos ver Reese tão abatido e querendo fugir. Mas afinal, foi a segunda vez que perdeu uma mulher que amava. De forma tão trágica quando ele salvava tantas vidas. Fusco e Finch tentaram trazê-lo de volta, mas ele precisava querer voltar. Acabou que a Machine, justo de quem ele queria fugir, fez Reese querer voltar. Como não amar aquele episódio do avião? Finch não ficou pra trás em questão de dilemas. A máquina que criou para salvar o mundo se mostrou um verdadeiro perigo. Mas o que fazer? Deixar o Samaritan destruir a Machine? Destruir ambos? Ou não deixar que nada atravesse o caminho da sua criação? Finch precisou ver sua amada Grace em perigo para entender que a Machine precisa continuar. Mesmo depois da ocasião em que a Machine quis que uma vida fosse tirada. Esse foi o ápice da relação O Médico e o Monstro entre Finch e a Machine. Já Fusco que perdeu a colega e também quase perdeu a vida, continua sendo um bom reforço e com ótimos comentários sarcásticos.

Person of Interest pode ter aberto mão do lado policial, tenho a impressão que essa vertente será ainda menos presente ou talvez ausente na 4ª temporada. Isso não quer dizer que não tivemos ótimos casos. Quão surpreendentes foram as reviravoltas com o casal que queria matar um ao outro? Como não achar formidável a pequena espiã que definiu melhor que ninguém os sentimentos de Shaw e até conquistou um pouquinho de seu afeto? Quantas emoções despertou a ex-atleta chinesa que precisava roubar raras obras de arte e artigos históricos para salvar a vida de sua filha? E não foi hilário ver Reese e Shaw infiltrados em um reencontro de turma, com Shaw aceitando todos os galanteios de um doutor interpretado por Nestor Carbonell? Esses e outros casos foram brilhantes e provaram cada vez mais a genialidade da série.


Mas voltando à Machine, com Control, Vigilance, Samaritan e o Governo tudo ficou mais complicado e interessante. Complicado no sentido de que se você não dedicasse total atenção ao que acontecia, acabava perdendo algo vital. Também pudera. Como Root gosta de dizer, tanto a Machine quanto o Samaritan são como deuses. Quem controla o sistema controla o mundo. Ou seria assim se os softweares de inteligência artificial não fossem tão autônomos. Aí é que entra a peculiaridade dessa vertente distópica apresentada em Person of Interest. Temos dois deuses em guerra, disputando pelo domínio do mundo. A Machine prioriza a segurança da humanidade relevante ou irrelevante, o Samaritan faz o que é programado mas é mais poderoso. Quem ganha essa?

Finch e Control escaparam do julgamento de Peter Collier e agora precisam se esconder do Samaritan No fim da temporada vimos que Finch, Reese, Shaw e Root tiveram que se dispersar e adotar novas identidades. A melhor forma de se esconder é ficando a vista, sendo irrelevantes. A questão agora é como irão se reencontrar e qual será o próximo passo. A guerra só está começando.

2 comentários:

  1. Oi Gabi,

    Fiquei meio perdido durante a análise, mas isso aconteceu exclusivamente por que não acompanho a série. Pelo que pude captar, ela tem um enredo muito bem trabalhado e personagens em constante evolução, além de muito sobre tecnologia. Parece legal e vou ver se em algum momento consigo encaixar em minha grade. Ah, comecei a ver Vikings ontem, o piloto não é perfeito, mas quero continuar vendo. Obrigado pelas dicas.

    Abraços!!!

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  2. GabrielaCeruttiZimmermann12 de junho de 2014 às 17:18

    E a série é bem complexa, Jeferson. Ainda mais agora que a distopia que de início era apenas uma ferramente virou pano de fundo. Então é normal se sentir perdido com o texto. Mas veja se consegue encaixar na grade sim, acho que você ia gostar.
    O piloto de Vikings é meio morno mesmo, mas depois só melhora.


    Abraço!

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