Um começo
morno, mas promissor.
Há pouco
menos de um mês postei aqui a resenha do livro Os Deixados Para
Trás de Tom Perrota, no qual a série é baseada. Lá eu disse
que tinha esperança de que Damon Lindelof consertasse algumas coisas
que me irritaram no livro. Pois bem, ainda é cedo pra afirmar com
total certeza mas tive a feliz sensação inicial de que ele
conseguiu.
O início
morgado e o frustrante salto de três anos logo após o sumiço
repentino de 2% da população mundial ficou como na obra escrita.
Todavia, senti que mostrará mais da repercussão desse evento no
restante do mundo do que apenas na cidadezinha de Mapleton como no
original. Além de uma discussão maior sobre o que realmente
aconteceu. Porque não consigo engolir uma história onde pessoas
desaparecem e seus entes querido simplesmente assumem luto sem querer
descobrir uma resposta. Digo, aceitam ou não que foi o
Arrebatamento, mas as que não aceitam também não tentam descobrir
o que foi.
Houve
mudanças também com os personagens. Alguns que entram só na metade
do livro já entraram no Piloto, como Meg (Liv Tyler). Acréscimo de
personagens que não existiam, como a Prefeita Lucy Warburton (Amanda
Warren) uma vez que no livro esse cargo pertence a Kevin Garvey
(Justin Theroux). Kevin por sinal virou o Xerife da cidade, mas não
mudou só de profissão. A personalidade dele foi quase que
totalmente remodelada e até ganhou um aparente distúrbio
psicológico, o que o deixou mais interessante e crível. Tive também
a impressão de que alguns personagens vão ter mais destaque do que
no livro, como o Santo Wayne (Paterson Joseph) que foi mal
aproveitado no original e pode deixar a trama muito mais instigante.
Um ponto
negativo foi a apresentação dos personagens, os senti meio jogados
ali. Como li o livro sabia quem era quem, mas assisti com uma amiga
que não leu e tive que ficar explicando tudo. Me pergunto se
Lindelof tentou seguir o modelo de Lost, mostrando todos os
personagens de cara e aos poucos contar suas histórias. Mas como ele
insere os Remanescentes Culpados e o Sítio do Santo Wayne sem
explicar o que são? Deixa os expectadores mais perdidos que os
sobreviventes do voo 815. Sem falar que em Lost aquelas
pessoas não se conheciam, ao passo que fomos conhecendo-os ao mesmo
tempo que foram conhecendo uns aos outros. Fato que não se aplica em
The Leftovers. Falta grave. Mesmo que esta apresente
disfunções temporais como sua “irmã”. Sim, teremos flashbacks.
Ao menos o livro é cheio dele. Mas como nem tudo é imperfeito,
parece que pelo menos aqui em alguma hora os objetivos dos
Remanescentes Culpados serão revelados. Coisa que falto no original.
Adicionaram
algumas plots que aumentaram a sensação de que algo incomum
aconteceu, como os cães das pessoas que foram levadas terem se
tornado selvagens. (Mas se aquela cena final se tornar uma
constante não sei se aguento continuar.) Contudo, acho que
o mais importante é o fato de que na séries as pessoas realmente
vão querer respostas. Bato de novo nessa tecla porque isso me
incomodou extremamente no livro. Sim, a história foca nos que foram
deixados pra trás. Mas essas pessoas tem que demostrar transtornos
sérios e uma busca por respostas ao invés de um simples luto. Se
não, o que difere o sumiço repentino de 2% da população mundial
de um acidente de avião? Sendo que quando um avião cai todo mundo
quer saber o por quê. Não sei se foram os anos de Lost e
Fringe somados a minha atual maratona de The X-Files
mas acho imprescindível que as pessoas queiram respostas. Se essas
respostas serão dadas e quais serão elas é o de menos. Se as
pessoas foram levadas por Deus, uma nave espacial ou duendes roxos
não me importa. Quero que as pessoas queiram descobrir o que
aconteceu com seus entes como eu iria querer, mesmo que enlouquecesse
na trajetória.
Não
tinha intenção de fazer tantas comparações com o livro nesse
texto, mas pela primeira vez não quis que uma adaptação fosse
completamente fiel ao original. O início da série pode sido morgado
e sem proposito como o do livro, mas como as mudanças que eu queria
na trama foram aparentemente feitas fico feliz e com a fé mantida.
Essa 1ª temporada terá dez episódios e acho que podemos esperar
que o nível de The Leftovers melhore. E já que citei The
X-Files, vou pegar emprestado um dos lemas da série que
representa a mudança que quis aqui: A verdade está lá fora.
Concordo com suas impressões. Acho que não deveriam pular 3 anos, seria muito mais interessante se a história continuasse no dia do desaparecimento, vendo as pessoas preocupadas procurando explicações, etc...
ResponderExcluirNão entendi porque mudaram o cargo do Kevin, mas li em algum lugar que a mudança seria necessária. Achei aquela cena final, com os cãe muito (WTF???).
Acho que vou continuar vendo....
Abraços
www.booksever.blogspot.com
Então Filipe, esse salto de três anos acontece no livro também. Esse período é mostrado através de flashbacks ao longo da história. É que esses três anos seria o "Período de Graça", e então viria o Apocalipse. É aí que a história começa mesmo.
ResponderExcluirA mudança no cargo de Kevin foi pra deixá-lo mais dinâmico, já que como protagonista ele estaria mais integrado à comunidade sendo Xerife do que Prefeito. Mudanças bem-vindas, já que o Kevin do livro é um dos personagens mais apáticos e insossos que já vi.
Amo cachorros, então aquela cena foi sofrível pra mim. :/ Mas pelo menos por enquanto recomendo continuar sim.
Abraço!
Entendo o seu desânimo, Alê. O livro realmente não recomendo por não ser nada coerente, e apesar de ter gostado das mudanças da série vou esperar pra ver se vale indicação. Farei um balanço no fim da temporada, já está convidado pra conferir.
ResponderExcluirAbraço!
Oi Gabi,
ResponderExcluirFiquei interessado pelo plot de The Loftovers desde que começaram a sair as chamadas da HBO. Quando li sua resenha do livro Deixados para Trás fiquei um pouco apreensivo e assim como você torcendo para que a série tomasse um rumo diferente. Bem, e agora linda seu texto fico feliz em saber que isso foi ao menos parcialmente alcançado. Vi muitas primeiras impressões negativas e mesmo já tendo baixado os episódios tava com preguiça de ver. Mas vou dar uma chance. E ah, acho que não vou engolir esses cães selvagens não, meio que não faz sentido.
Abraços!!!
Li algumas impressões negativas também, Jeferson. A maioria reclamando que era muito parado e do salto de três anos, mas o livro é exatamente assim. Embora também não tenha achado um piloto exemplar achei melhor que o livro, o que já é alguma coisa. É que os cães das pessoas que desapareceram fugiram, e por ficar vivendo no bosque se tornaram selvagens. Resumi demais isso. Também achei estranho, mas pelo menos mostra que a produção se preocupou em fazer algo que realmente fosse anormal.
ResponderExcluirAbraço!