sexta-feira, 4 de julho de 2014

The Leftovers – Primeiras impressões


Um começo morno, mas promissor.

Há pouco menos de um mês postei aqui a resenha do livro Os Deixados Para Trás de Tom Perrota, no qual a série é baseada. Lá eu disse que tinha esperança de que Damon Lindelof consertasse algumas coisas que me irritaram no livro. Pois bem, ainda é cedo pra afirmar com total certeza mas tive a feliz sensação inicial de que ele conseguiu.

O início morgado e o frustrante salto de três anos logo após o sumiço repentino de 2% da população mundial ficou como na obra escrita. Todavia, senti que mostrará mais da repercussão desse evento no restante do mundo do que apenas na cidadezinha de Mapleton como no original. Além de uma discussão maior sobre o que realmente aconteceu. Porque não consigo engolir uma história onde pessoas desaparecem e seus entes querido simplesmente assumem luto sem querer descobrir uma resposta. Digo, aceitam ou não que foi o Arrebatamento, mas as que não aceitam também não tentam descobrir o que foi.


Houve mudanças também com os personagens. Alguns que entram só na metade do livro já entraram no Piloto, como Meg (Liv Tyler). Acréscimo de personagens que não existiam, como a Prefeita Lucy Warburton (Amanda Warren) uma vez que no livro esse cargo pertence a Kevin Garvey (Justin Theroux). Kevin por sinal virou o Xerife da cidade, mas não mudou só de profissão. A personalidade dele foi quase que totalmente remodelada e até ganhou um aparente distúrbio psicológico, o que o deixou mais interessante e crível. Tive também a impressão de que alguns personagens vão ter mais destaque do que no livro, como o Santo Wayne (Paterson Joseph) que foi mal aproveitado no original e pode deixar a trama muito mais instigante.

Um ponto negativo foi a apresentação dos personagens, os senti meio jogados ali. Como li o livro sabia quem era quem, mas assisti com uma amiga que não leu e tive que ficar explicando tudo. Me pergunto se Lindelof tentou seguir o modelo de Lost, mostrando todos os personagens de cara e aos poucos contar suas histórias. Mas como ele insere os Remanescentes Culpados e o Sítio do Santo Wayne sem explicar o que são? Deixa os expectadores mais perdidos que os sobreviventes do voo 815. Sem falar que em Lost aquelas pessoas não se conheciam, ao passo que fomos conhecendo-os ao mesmo tempo que foram conhecendo uns aos outros. Fato que não se aplica em The Leftovers. Falta grave. Mesmo que esta apresente disfunções temporais como sua “irmã”. Sim, teremos flashbacks. Ao menos o livro é cheio dele. Mas como nem tudo é imperfeito, parece que pelo menos aqui em alguma hora os objetivos dos Remanescentes Culpados serão revelados. Coisa que falto no original.


Adicionaram algumas plots que aumentaram a sensação de que algo incomum aconteceu, como os cães das pessoas que foram levadas terem se tornado selvagens. (Mas se aquela cena final se tornar uma constante não sei se aguento continuar.) Contudo, acho que o mais importante é o fato de que na séries as pessoas realmente vão querer respostas. Bato de novo nessa tecla porque isso me incomodou extremamente no livro. Sim, a história foca nos que foram deixados pra trás. Mas essas pessoas tem que demostrar transtornos sérios e uma busca por respostas ao invés de um simples luto. Se não, o que difere o sumiço repentino de 2% da população mundial de um acidente de avião? Sendo que quando um avião cai todo mundo quer saber o por quê. Não sei se foram os anos de Lost e Fringe somados a minha atual maratona de The X-Files mas acho imprescindível que as pessoas queiram respostas. Se essas respostas serão dadas e quais serão elas é o de menos. Se as pessoas foram levadas por Deus, uma nave espacial ou duendes roxos não me importa. Quero que as pessoas queiram descobrir o que aconteceu com seus entes como eu iria querer, mesmo que enlouquecesse na trajetória.

Não tinha intenção de fazer tantas comparações com o livro nesse texto, mas pela primeira vez não quis que uma adaptação fosse completamente fiel ao original. O início da série pode sido morgado e sem proposito como o do livro, mas como as mudanças que eu queria na trama foram aparentemente feitas fico feliz e com a fé mantida. Essa 1ª temporada terá dez episódios e acho que podemos esperar que o nível de The Leftovers melhore. E já que citei The X-Files, vou pegar emprestado um dos lemas da série que representa a mudança que quis aqui: A verdade está lá fora.

5 comentários:

  1. Concordo com suas impressões. Acho que não deveriam pular 3 anos, seria muito mais interessante se a história continuasse no dia do desaparecimento, vendo as pessoas preocupadas procurando explicações, etc...
    Não entendi porque mudaram o cargo do Kevin, mas li em algum lugar que a mudança seria necessária. Achei aquela cena final, com os cãe muito (WTF???).
    Acho que vou continuar vendo....


    Abraços
    www.booksever.blogspot.com

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  2. GabrielaCeruttiZimmermann4 de julho de 2014 às 17:20

    Então Filipe, esse salto de três anos acontece no livro também. Esse período é mostrado através de flashbacks ao longo da história. É que esses três anos seria o "Período de Graça", e então viria o Apocalipse. É aí que a história começa mesmo.
    A mudança no cargo de Kevin foi pra deixá-lo mais dinâmico, já que como protagonista ele estaria mais integrado à comunidade sendo Xerife do que Prefeito. Mudanças bem-vindas, já que o Kevin do livro é um dos personagens mais apáticos e insossos que já vi.
    Amo cachorros, então aquela cena foi sofrível pra mim. :/ Mas pelo menos por enquanto recomendo continuar sim.


    Abraço!

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  3. GabrielaCeruttiZimmermann6 de julho de 2014 às 11:17

    Entendo o seu desânimo, Alê. O livro realmente não recomendo por não ser nada coerente, e apesar de ter gostado das mudanças da série vou esperar pra ver se vale indicação. Farei um balanço no fim da temporada, já está convidado pra conferir.


    Abraço!

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  4. Oi Gabi,


    Fiquei interessado pelo plot de The Loftovers desde que começaram a sair as chamadas da HBO. Quando li sua resenha do livro Deixados para Trás fiquei um pouco apreensivo e assim como você torcendo para que a série tomasse um rumo diferente. Bem, e agora linda seu texto fico feliz em saber que isso foi ao menos parcialmente alcançado. Vi muitas primeiras impressões negativas e mesmo já tendo baixado os episódios tava com preguiça de ver. Mas vou dar uma chance. E ah, acho que não vou engolir esses cães selvagens não, meio que não faz sentido.


    Abraços!!!

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  5. GabrielaCeruttiZimmermann12 de julho de 2014 às 19:08

    Li algumas impressões negativas também, Jeferson. A maioria reclamando que era muito parado e do salto de três anos, mas o livro é exatamente assim. Embora também não tenha achado um piloto exemplar achei melhor que o livro, o que já é alguma coisa. É que os cães das pessoas que desapareceram fugiram, e por ficar vivendo no bosque se tornaram selvagens. Resumi demais isso. Também achei estranho, mas pelo menos mostra que a produção se preocupou em fazer algo que realmente fosse anormal.


    Abraço!

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