Nome:
Inocência?
Série:
O
Protetorado da Sombrinha – Livro #3
Autora:
Gail
Carriger
Edição:
1/2015
Editora:
Valentina
Páginas:
302
Sinopse:
Alexia
Tarabotti enfrenta uma série de atribulações sociais, quiproquós
e saias justas (embora compridíssimas) em plena sociedade vitoriana.
Ao abandonar a residência do marido e se mudar de volta para o lar
de sua terrível família, Lady Maccon se tornou o escândalo da
temporada em Londres. Além disso, a Rainha Vitória dispensa Alexia
do Conselho Paralelo, e a única pessoa capaz de ajudar a esclarecer
os fatos, Lorde Akeldama, inesperadamente deixa a cidade. Como se não
bastasse, Alexia é atacada por joaninhas mecânicas assassinas,
indicando – como apenas joaninhas são capazes de fazê-lo – o
fato de que todos os vampiros londrinos estão muito interessados em
vê-la rigorosamente morta. Enquanto Lorde Maccon concentra seus
esforços em ficar cada vez mais ébrio e o Professor Lyall se
desdobra para que a Alcateia de Woolsey se mantenha coesa, Alexia
deixa a Inglaterra em direção à Itália em busca dos misteriosos
Templários. Somente eles têm o conhecimento sobre os seres
preternaturais que Alexia precisa para entender sua crescente e
inconveniente condição, mas eles podem ser piores que os vampiros –
e estão armados com molho pesto. A série de STEAMPUNK mais cultuada
do mundo! Best-seller do New York Times e finalista do Goodreads
Choice Award na categoria Paranormal Fantasy.
Comentários:
Quando
se está na dúvida sobre o que ler, principalmente porque não sabe
o que quer em determinado momento, o melhor pode ser escolher a
sequência de uma série que acompanha. Você já conhece os
personagens, o ambiente, a história e a linha narrativa do autor. E
se o volume anterior acabou com uma revelação - na falta de um
termo melhor – bombástica, então não há motivos para não
fazê-lo. Todavia, nem sempre o resultado é o esperado.
Alerta
de SPOILER: O próximo parágrafo contém informações dos livros
anteriores, o resto é SPOILER FREE.
As
coisas não vão bem para Alexia. Já não bastasse ter que voltar a
viver com a mãe e as fúteis irmãs após ser expulsa por Conall, as
mesmas a botam na rua quando a notícia de sua gravidez e os rumores
de indiscrição vão parar no jornal. Caso contrário, quais seriam
as chances de Felicity e Evylyn acharem um bom partido? Ah sim, e a
Rainha Vitória retirou seu cargo de Muhjah da Coroa. Seu melhor
amigo Lorde Akeldama, único que poderia ajudá-la, desapareceu. E as
joaninhas
mecânicas assassinas são a prova de que os vampiros não só
acreditam que Alexia diz a verdade sobre a paternidade de seu filho
como sabem - e temem – o que irá nascer. Só resta uma opção
para nossa heroína: ir à Itália, terra de seu pai, procurar
respostas sobre sua gravidez e esfregá-las na cara de todos.
Principalmente de seu marido Conall. Para isso contará com a ajuda
de seu fiel mordomo Floot e sua mais nova amiga Genevieve.
Acompanhar
as aventuras de Alexia – que precisou trocar a nomenclatura Lady
Maccon por La Diva Tarabotti - na Itália foi instigante. Vê-la
lidar com um cientista louco que a tratava como espécime e um
exército de Templários que a tomam por “Filha do Diabo” foi um
tanto quanto intrigante. E as lutas do Professor Lyall para descobrir
o que aconteceu com Lorde Akeldama e tentar fazer Conall ficar sóbrio
não ficam atrás. Mesmo assim, me pareceu que Inocência?
ficou
um pouco aquém do que poderia ter sido.
Pode
ser que o problema seja comigo, que eu não estivesse no momento
certo para a leitura como achei que estava. Mas na verdade o que me
incomodou foram os exageros narrativos. Linguagem rebuscada e
descritiva demais, frases longas demais, parágrafos longos demais e
até capítulos longos demais. Lembro de na resenha de Alma? ter elogiado o equilíbrio que Carriger construíra para sua trama
como um todo, mas aqui ela errou a mão. Em questão de conteúdo não
há do que reclamar, a autora continua criando arcos e dando
respostas surpreendentes. Porém, me pareceu que ela se deixou levar
um pouco demais pelo clima vitoriano de sua obra e exagerou um pouco
ao tentar fazê-la soar como um clássico daquela época.
Não
levem a mal, tanto em Alma?
quanto
em Metamorfose?
achei
que essa pitada rebuscada casou muito bem com o humor ácido da
trama. O problema foi com esse volume, em que tudo ficou “um pouco
demais”. Afetando até as cenas de ação. Digo, em uma cena de
ação (seja uma perseguição, fuga ou resgate) a linguagem precisa
ser simples e tão ágil quanto os fatos para o melhor acompanhamento
destes. Mas em meio a tantos detalhes sobre cores, aromas, trocentos
objetos que voavam e se perdiam e dezenas de pensamentos indignados
me vi relendo alguns trechos para tentar entender o que de fato
estava acontecendo.
Outra
coisa que me irritou foi o final. Não por ser ruim, foi muito bom,
mas por parecer um tanto atropelado. Na verdade faltou um pouco de
regularidade no ritmo da trama. Tive a impressão que na primeira
metade poucas coisas marcantes aconteceram, na segunda metade a coisa
começou a andar e nos três últimos capítulos foi como se a autora
simplesmente fizesse tudo acontecer porque precisava acabar logo.
Simplesmente me pergunto qual terá sido o problema.
Mas
não há apenas críticas. Como mencionei anteriormente, a trama
continua instigante e impecável. Bem como o desenvolvimento dos
personagens. Ver Alexia desenvolvendo (ou a menos tentando
desenvolver) seus instintos maternos foi algo de várias facetas, do
bonito ao engraçado já que ela ficou chamando o filho de “bebê
inconveniente”. Lyall deu o que falar tendo que tomar frente à
várias situações enquanto Conall se encontrava num estado
constante – e cômico – de embriaguez. Até Ivy surpreendeu
mostrando que não é tão boba quanto parece. Lorde Akeldama dessa
vez esteve fora de cena por boa parte do tempo, mas claro que quando
apareceu tomou conta de tudo e ainda veio com a grande resposta.
Madame Lefoux continua intrigando com seus hábitos e maravilhado com
suas invenções. Mas devo dizer que um desenvolvimento realmente
notável veio por parte de Floot, o sempre fiel – e misterioso –
mordomo mostrou que é para Alexia o que Alfred é para Bruce Wayne.
Os
elementos marcantes como a bem sucedida mistura de lendas
sobrenaturais com fatos históricos continuam sendo bem explorados.
Achei instigante a forma como Carriger inseriu os Templários e
menções ao antigo Império Romano. Chegando a render momentos e
comentários engraçados. Sem falar das grandes invenções
tecnológicas que são marca registrada do estilo steampunk. Tudo
isso fez valer a pena.
Em
suma, Inocência?
é
um livro que tinha tudo para superar seus antecessores. E no que diz
respeito à trama realmente o fez. Mas pecou pelos excessos em sua
narrativa. Continuo adorando a série e irei seguir com ela até seu
fim por ter me apegado aos personagens, mas confesso que já não
irei com tanta sede ao pote. O quarto volume de O
Protetorado da Sombrinha,
Heartless
(ainda
sem título no Brasil) deve chegar ao país em meados do próximo
ano.
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